quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Excesso

Acorda-se sem do sono ter provado.
Encontra-se essa sensação de que não é tão belo,
De que não pode ser como lido, que o vivido foi antes sonhado.
Que tudo não mais é, foi engano e logro. Que foi longe.
Que a verdade foi crida, somente.

Encontra-se ainda agora o desejo insano de ter perto,
Mais perto que ao lado,
Mais ao lado que junto,
Mais junto que se pode ter.

Descobre-se que o mundo do fingir, infortunadamente
É mais difícil que se imaginou.
Toca-se mais fundo que antes percebeu.
Mente-se pior que nunca quis.

Perde-se a fina habilidade de dizer,
De acreditar, de convencer e persuadir.
Enganado agora não é mais o entre, ou o outro.

A dor mudou de lugar. Encontra-se no eu.
Tornou-se vivente, indivíduo.
E esse está bem perto.
Mais perto que ao lado,
Mais ao lado que junto.
Mais junto que isso, bem dentro de tudo.

Tudo onde mãos não alcançam.
Tudo onde não se não pode tocar.
Morre em tornar-se rota.
Enrota tudo que perto pode influenciar.

Assassina o que tanto quis o entre para um outro alcançar.

4 comentários:

Mariana disse...

"A dor mudou de lugar. Encontra-se no eu.
Tornou-se vivente, indivíduo.
E esse está bem perto.
Mais perto que ao lado,
Mais ao lado que junto.
Mais junto que isso, bem dentro de tudo."


Ultimamente esse individuo tem andado constantemente comigo, companheiro inseparavel! :)

Adorei o texto, de verdade!

Beijos.

Marco Túlio disse...

You also suffer as a poet, don't you? It makes part of our lives!

Parabéns pelo texto! =)

Zeka Viola disse...

Os caminhos tortos pra se chegar a conclusões que nem se queria! Belo texto apesar da dor!

Márcia Japiassú disse...

no meu ver é de longe, o seu melhor texto.

você escreve muito Rigonato!

=)