domingo, 20 de fevereiro de 2011

Rouxinol



Vontade até que dá de acorrentar e deixar aqui, bem pertinho,
Na palma da mão, protegido. Mas e aí, o que fazer depois?
Sempre tem aquele perigo do enjaular 
E justamente por isso, perceber o desejo de ir.
Se for por resultado dessa condição, 
Já sabe que dificilmente retorna. Foi e foi.

Apesar disso, há a lembrança do que é. 
Um rouxinol não é bonito preso.
Não canta quando preso.
Não vive a não ser solto.
Feliz e vivo.

Melhor deixar solto, que cante onde quiser.
Que voe algures, sem a preocupação do passado.
Somente com a saudade do amor.
Pois assim se sabe, logo volta. Saudade chama.

Afinal, rouxinóis também são humanos,
Assim, também são sofredores deste mal.

3 comentários:

Mariana Bênia disse...

O post mais bonito de todos!
É MUITO você!

Dayan disse...

Ah, quantos pássaros já passaram por mim...Um está muito longe, o que mais desejo... Mas a liberdade que cerceio é também aquela que perco... Então amo e desejo que livre, também ele me ame (espero).

Amei esta poesia. E esse meu amigo que disse que gostaria de ser poeta? Já é!
Parabéns pelo lirismo explícito, mesmo que fingido, visto que desperta algures o que jaz adormecido sob camadas de ceticismo.
Abração!

Mila disse...

interesting conflict between 'acorrentar' and 'protegiddo' :-)