Mostrando postagens com marcador in between. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador in between. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A Arte de Perder

A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perde-las, quer perder não é nada sério.

Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta tolamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.

Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subsequente
Da viagem não feita. Nada disso é sério.

Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério

Perdi duas cidades lindas. E um império
Que era meu, dois rios e mais um continente.
Tenho saudade deles, mas não é nada sério.

- Mesmo perder você (a voz risonha que
eu amo) não muda nada. É evidente que 
a arte de perder não é tão difícil de aprender
embora possa parecer bastante séria.

Elizabeth Bishop, 4 de novembro de 1975.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Poeta

Quem dera fosse eu um poeta.
Poderia falar com certeza
Sobre dicotomias malditas,
Sobre sentimentos irmãos,
Sobre fortunas acompanhadas,
Sobre esses que não se separam
Sobre meu destino diário.
Sobre Amor e Dor.

Quem dera fosse eu um poeta!


Poderia falar com primor
E com eficiência atrair
Todos os ouvidos,
E olhos, 
E almas,
E corações.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Let it Linger

But I'm in so deep
You know I'm such a fool for you
You got me wrapped around your finger
Totally surrendered
Completely yours
And it feels awkward
But that's the way I want it to be.
Then please, 

Let it linger. 




sexta-feira, 20 de maio de 2011

Invisível

Então que seja
Vou fingir que
Nem noto
Não vejo 
Que presente
Se faz não visto.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Desdiálogo

O tempo não deu.
Foi mesquinho
E escondeu
O que tão procurado foi
Por este que
Pela primeira vez
O coração entregou.

O diálogo sempre foi problemático
Códigos diferentes resultaram
Desentendimentos fatigantes,
Assassinos.

Matam-se sempre que falam
O que ambos desejaram,
Impedidos porém por uma
Persistente diacronia.

Mas o que poderiam fazer?
Andam sempre à mercê dos passos próprios.
Sem guias ou cartilhas para ensinar
O soletrar de vocábulo
Tão mal explicado
Tão desejado
Tão platonizado
Tão enganado
Tão desconhecido


Aprendem às penas do aprender.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Posso

Você não entende,
Daí quitamos,
Pois eu também não.

Faz que agora você vive,
E eu também,
Pois só posso o que posso.

domingo, 10 de abril de 2011

Aprendendo

Você vem e acha bonito
É gostoso,
Interessante.

Claro, é assim pra você.
Que só vive bonito,
Nunca viveu igual.

Do contrário,
Tem passado seus dias felizes
Aqui,
Sempre passou assim,

Lá.

Esse aqui é que se encontra 
Do outro lado agora.
Vai aprendendo, e como já dito.

Aprender dói.

domingo, 3 de abril de 2011

Desejo

Sabe quando fica de verdade
E percebe que já foi tomado?
Concorda que rola aquele medo
Do dia que algo pode mudar?
Ainda assim tudo que deseja
É que seja eterno.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Falta




Sinto falta desse idioma
Que poucos podem entender.
Desse código,
Que se explica.
Que palavras,
Vocábulos,
ou Caracteres são
Desnecessários.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Rouxinol



Vontade até que dá de acorrentar e deixar aqui, bem pertinho,
Na palma da mão, protegido. Mas e aí, o que fazer depois?
Sempre tem aquele perigo do enjaular 
E justamente por isso, perceber o desejo de ir.
Se for por resultado dessa condição, 
Já sabe que dificilmente retorna. Foi e foi.

Apesar disso, há a lembrança do que é. 
Um rouxinol não é bonito preso.
Não canta quando preso.
Não vive a não ser solto.
Feliz e vivo.

Melhor deixar solto, que cante onde quiser.
Que voe algures, sem a preocupação do passado.
Somente com a saudade do amor.
Pois assim se sabe, logo volta. Saudade chama.

Afinal, rouxinóis também são humanos,
Assim, também são sofredores deste mal.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Sem Tom

Aquilo que se quer esconder.
Que se acha dever.
Que se quer tentar.

Algumas
Bem não encaixam.
Demais escondem.
Em demasia mostram.

O que não pode disfarçam.
O que não deve mostram.

Daí, de dentro o medo grita e arranca passagem.

Acaba com a palhaçada do bom tom.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Soslaio

E fica-se ali, à espera
Na espreita.
No medo que de soslaio
Pandora apareça
e revele, em sua magnitude,
a Tristeza que de 
Sua caixa não poderiam vir
Somente Paixões.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Retrato

Olho choroso.
Passado doloroso.
Futuro duvidoso.
Presente gostoso.

Retrato da maioria.
Dele.
Meu.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Não-Manuseável

Sabe que não há ciência
do porquê de ser e não ter sido.
Assim o é e só se pode ver,
A poucas custas notar.

Ignorância talvez bendita por
no controle perder um
que manuseável não pode ser.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Dito

Do estorpor de um nada constante
Ao despertar do perigo à espreita.
Gostoso porém é experimentar
Esse vivido a viver.

Dito que expectativas machucam
Re-dito que bobo não é.
Num passo temeroso e excitado
Para o incerto que sempre ali está.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Querer

Mas nenhum sentido há para assim querer estar
Antes o conforto do não-pertencer e sem dor continuar
Antes a morbidez do contínuo inexpressivo
E do descolor sem as borboletas indesejadas

Mas o sentido não é o que se precisa para querer estar
Nem o conforto do não-pertencer ou sem a dor continuar
Muito menos mórbido permanecer num inexpressivo contínuo
de descolor sem borboletas.


O que se quer é a loucura do surto experenciar.
Do remédio para a saudade todo dia procurar.
Da alegria do contato sempre desejar.
E no fim de tudo no contato se deleitar.

Querer você aqui é o que se sabe querer.
O balbucio de palavras queridas só pra agradá-lo.
Só para me satisfazer.
Querer no momento é o único que se sabe fazer.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sabotagem

Na verdade não há certeza da natureza desse ponto.
Busca a razão no baú de infelicidades,
Contudo, tudo o que encontra 
é o vazio no silêncio da escuridão.

Seria a mentira apaziguadora que por tanto tempo se contou
Eficiente? Sabe que o foi por bastante tempo.
Mas e agora?
Seria agora o momento em que a verdade
Em sua dita natureza boa e feliz
Mostra essa sua face? 
A da bondade e felicidade?

Mas não, não é assim. Sempre soube, é perito nisso.
A verdade jamais trará felicidade e conforto.
Suas sementes são a dor e o silêncio face à dor.
Seus frutos são a dor e o silêncio face à necessidade de perseverar.

Às portas sabe que está o momento em que
o suspiro do coração voltará a ser somente:
"All I can do is keep breathing".

domingo, 18 de outubro de 2009

Faz-se

O passo certeiro do errante que se distancia
da segurança castelática de quem antes (o) matou, ou matava.
Rumo ao desconhecido bem verbalizado
dos outros que muito por doer de si afastou, ou afastava.
Muito crente segue para mais caminho não atrás encontrar
de si e daquele que escolhe para ser o que mais não sofreu, 
ou que sofrerá.

domingo, 30 de agosto de 2009

Condições

Sem culpa por acreditar que a verdade imanente é melhor que a mentira ancorada.
Feliz por sentir o tido roto provar seu valor.
Acometido pela dor da insegurança e inexperiência.
Orgulhoso pela sobrevivência.
Confortável com a condição humana.
Grato pelas presenças necessárias.
Feliz por estar aqui.